Quase-verdade e quase-verdade por autoridade



Verdade por autoridade exige crença. Crença é como nadar pra cima amarrando cem quilos nos pés. Verdade por autoridade não é eficaz. Não há verdade, há coisas mais úteis e menos úteis para fins estabelecidos. Verdade por autoridade pode ser danosa ao progresso científico, a história prova isto. Considerar progresso científico algo a levar-se em consideração não é uma verdade, mas nada é – e tudo é – então foda-se. Verdade – ou quase-verdade – é mais útil se empiricamente constatada pelo “indivíduo”. Que utilidade é algo a levar-se em consideração também não é uma verdade, mas nada o é – e tudo é – então foda-se. Mil e quinhentos anos acreditando que a Terra é o centro do Universo, a partir de uma verdade por autoridade, e depois consenso, o que são mais quinhentos anos acreditando no contrário, pelos mesmos motivos? 

Uma conversa qualquer



- Sistemas elétricos de comportamento irregular. Analisar causas e consequências.
- Evento nada singular, atualizar base de dados.
- Evento rotineiro e de curta duração, previsão de término em 3 minutos, ou 7,6 bilhões de voltas restantes até a conclusão da queima.
- Processo de proliferação gerou compostos capazes de manter sistema em condições anormais.
- Processo de proliferação controlado gerou compostos auto recicláveis.
- Possível ameaça, quebrar evento e dissipar energia.
- Ameaça iminente, evento persiste em presença do elemento nocivo através de proliferação.
- Iniciar processo de auto quebra e dissipação.


Não há linguagem ou sinal eficiente em representar a nossa insignificância.

Ateísmo ou cinismo Laveyano



Não espero que as pessoas compreendam tal nível de humor, enrustido de sarcasmo. Há o escravo masoquista, que adora o açoite, há o que não gosta, mas contenta-se na passividade e há o que toma o açoite para si e faz o agressor sangrar até a morte.

Tornar-se rico sem ser rico



As portas estão fechadas. Todos os meios para alcançar a riqueza monetária necessitam que já haja riqueza. Bem, quem irá perfurar esta camada impenetrável? Não seja idiota, esperança é ignorar as probabilidades e o provável é que você morra de maneira insignificante, afinal, você é só outro saco de bosta. Ora, que culpa tenho eu se a verdade não soa bem aos teus ouvidos? Quisera eu que a verdade fosse como a Nona Sinfonia, mas meu querer não move uma agulha. Tu há de culpar alguém, afinal, tua carcaça humana não consegue lidar com a culpa. Quem inventou este jogo?! Ah! Não me lembro de ter aceito jogar: eis que a vida é tirana. Teu consentimento é irrelevante.

Mass Effect e a Tragédia




O texto a seguir contém spoiler, mas não se preocupe! Você não entenderá nada de qualquer maneira.
Se ao esquematizar o enredo, o objetivo da Bioware era popularizar o jogo, custe o que custar, eles foram muito felizes nisto. Em Mass Effect II já é perceptível o uso intencional da Tragédia. Durante o jogo os laços entre o jogador e personagens são fortalecidos, cada vez mais. No final, de súbito, eles são rompidos, inevitavelmente e contra a vontade. Em Mass Effect III é ainda mais frequente o uso da Tragédia, e agora com uma trilha sonora épica e extremamente marcante. No final, não há vitória, só há derrota e perguntas sem respostas. Como esperado, isto gerou revolta, protestos e tristeza. Todos se viam desesperados encontrando motivos para denegrir o encerramento do jogo - mesmo que tais motivos não fizessem o menor sentido -, convertendo a tristeza em raiva e canalisando para algum lugar, qualquer lugar. Não haverá a supremacia do herói intergalático desta vez.
A vida é repleta de tragédias, de modo que ficamos irritados ao encontrá-la até mesmo nos refugios.
Do ponto de vista da psicologia, da física, antropologia e biologia, a trilogia é genial. De um ponto de vista emocional, ela é perigosa. De um ponto de vista histórico, ela reflete um dos temores de nossa época: o medo do que tão acelerada evolução tecnológica poderá trazer. Os Reapers nada mais são que os responsáveis pela “purificação”, pois com a tecnologia vem o Caos. Illusive Man o sabia muito bem, e sabia que a única saída era o controle. Illusive Man foi o último suspiro de esperança: com ele morre a civilização pelas mãos daquele que nada compreende. Se fosse Shepard um problema, o teriam controlado de antemão, como foram obrigados a fazê-lo com Illusive Man. Bem, Shepard é o herói, o herói dos Reapers, o inimigo da civilização. Mais trágico que a morte dos amigos é o fato dele não ter se dado conta. Em suma, a tragetória da aventura consiste em suceder com os objetivos prévios dos Reapers.