ID
Instintos sexuais estão para o inconsciente assim como a frequência cardíaca está. ID deveria, então, englobar todos os processos do corpo que acontecem alheios à vontade consciente. Ou todos os processos automatizados são parte do aparelho psíquico, ou nenhum processo automatizado é parte do aparelho psíquico.
Superego
O quê? Ah, bem, parece haver um processo de avaliação do contexto com base nas memórias, antecipando a ação, e isto parece ser feito conscientemente – em mim, pelo menos.
Ego
A importância desproporcional sobre a qual foi posta a consciência é uma piada de muito mau gosto e um insulto ao intelecto. A consciência parece não ser mais que uma ferramenta engenhosa da máquina molecular, usada para encontrar meios de exercer as suas duas únicas funções nos mais diferentes contextos: alimentação e a reprodução. A espécie humana parece ter criado aversão a pensamentos do gênero. Eu estou cagando pra espécie de sentimento que o entendimento me gera, talvez o meu fatalismo me faça imune a certos fenômenos do intelecto . Meu corpo não pertence a mim, eu pertenço ao meu corpo.
Mais
- Qual é seu número?
- O quê?
- O seu montante. A quantia de dinheiro que precisa para fugir de tudo e viver.
- Mais.
- O quê?
- O seu montante. A quantia de dinheiro que precisa para fugir de tudo e viver.
- Mais.
Hollow Man
Com a desestruturação da autoimagem, de nível conceitual a
epistemológico, faz-se desnecessária a preocupação com o julgamento alheio no
grupo social e, portanto, com as barreiras morais. Ora, de que mais serve a moralidade,
se não para nivelar o gênero de pessoa com quem irá copular? Quando se está
para além da moral, se é Deus.
Organizm
Mais grandioso do que aquele que busca conquistar o planeta, é o que
busca ser o planeta. Conquista está meramente no âmbito conceitual, presença no
âmbito ontológico. Conquista é jogo de criança, e criança se ignora como ignora
a um porco. É preciso ser mais que criança para conter um espírito ambicioso: é
preciso contrariá-las.
Quase-verdade e quase-verdade por autoridade
Verdade por autoridade exige crença. Crença é como nadar pra cima
amarrando cem quilos nos pés. Verdade por autoridade não é eficaz. Não há
verdade, há coisas mais úteis e menos úteis para fins estabelecidos. Verdade
por autoridade pode ser danosa ao progresso científico, a história prova isto.
Considerar progresso científico algo a levar-se em consideração não é uma
verdade, mas nada é – e tudo é – então foda-se. Verdade – ou quase-verdade – é mais
útil se empiricamente constatada pelo “indivíduo”. Que utilidade é algo a
levar-se em consideração também não é uma verdade, mas nada o é – e tudo é –
então foda-se. Mil e quinhentos anos acreditando que a Terra é o centro do Universo,
a partir de uma verdade por autoridade, e depois consenso, o que são mais
quinhentos anos acreditando no contrário, pelos mesmos motivos?
Uma conversa qualquer
- Sistemas elétricos de comportamento irregular. Analisar causas e
consequências.
- Evento nada singular, atualizar base de dados.
- Evento rotineiro e de curta duração, previsão de término em 3 minutos,
ou 7,6 bilhões de voltas restantes até a conclusão da queima.
- Processo de proliferação gerou compostos capazes de manter sistema em
condições anormais.
- Processo de proliferação controlado gerou compostos auto recicláveis.
- Possível ameaça, quebrar evento e dissipar energia.
- Ameaça iminente, evento persiste em presença do elemento nocivo através
de proliferação.
- Iniciar processo de auto quebra e dissipação.
Não há linguagem ou sinal eficiente em representar a nossa
insignificância.
Ateísmo ou cinismo Laveyano
Não espero que as pessoas compreendam tal nível de humor, enrustido de
sarcasmo. Há o escravo masoquista, que adora o açoite, há o que não gosta, mas contenta-se
na passividade e há o que toma o açoite para si e faz o agressor sangrar até a
morte.
Tornar-se rico sem ser rico
As portas estão fechadas. Todos os meios para alcançar a riqueza
monetária necessitam que já haja riqueza. Bem, quem irá perfurar esta camada impenetrável?
Não seja idiota, esperança é ignorar as probabilidades e o provável é que você
morra de maneira insignificante, afinal, você é só outro saco de bosta. Ora,
que culpa tenho eu se a verdade não soa bem aos teus ouvidos? Quisera eu que a
verdade fosse como a Nona Sinfonia, mas meu querer não move uma agulha. Tu há
de culpar alguém, afinal, tua carcaça humana não consegue lidar com a culpa.
Quem inventou este jogo?! Ah! Não me lembro de ter aceito jogar: eis que a vida
é tirana. Teu consentimento é irrelevante.
Mass Effect e a Tragédia
O texto a seguir contém spoiler, mas não se preocupe! Você não entenderá nada de qualquer maneira.
Se ao esquematizar o enredo, o objetivo da Bioware era popularizar o jogo, custe o que custar, eles foram muito felizes nisto. Em Mass Effect II já é perceptível o uso intencional da Tragédia. Durante o jogo os laços entre o jogador e personagens são fortalecidos, cada vez mais. No final, de súbito, eles são rompidos, inevitavelmente e contra a vontade. Em Mass Effect III é ainda mais frequente o uso da Tragédia, e agora com uma trilha sonora épica e extremamente marcante. No final, não há vitória, só há derrota e perguntas sem respostas. Como esperado, isto gerou revolta, protestos e tristeza. Todos se viam desesperados encontrando motivos para denegrir o encerramento do jogo - mesmo que tais motivos não fizessem o menor sentido -, convertendo a tristeza em raiva e canalisando para algum lugar, qualquer lugar. Não haverá a supremacia do herói intergalático desta vez.
A vida é repleta de tragédias, de modo que ficamos irritados ao encontrá-la até mesmo nos refugios.
Do ponto de vista da psicologia, da física, antropologia e biologia, a trilogia é genial. De um ponto de vista emocional, ela é perigosa. De um ponto de vista histórico, ela reflete um dos temores de nossa época: o medo do que tão acelerada evolução tecnológica poderá trazer. Os Reapers nada mais são que os responsáveis pela “purificação”, pois com a tecnologia vem o Caos. Illusive Man o sabia muito bem, e sabia que a única saída era o controle. Illusive Man foi o último suspiro de esperança: com ele morre a civilização pelas mãos daquele que nada compreende. Se fosse Shepard um problema, o teriam controlado de antemão, como foram obrigados a fazê-lo com Illusive Man. Bem, Shepard é o herói, o herói dos Reapers, o inimigo da civilização. Mais trágico que a morte dos amigos é o fato dele não ter se dado conta. Em suma, a tragetória da aventura consiste em suceder com os objetivos prévios dos Reapers.
Lucidez
A lucidez é diretamente relativa à quantidade de certezas que se tem.
Contudo, estar certo sobre nada não implica em agir como se nada fosse certo,
agir pressupõe certeza. Ou se vive certo sobre algo - e na ignorância - ou se
vive como se algo fosse certo - pois nada é, tão pouco isto é.
Metafísica da História
Dizem haver algo cujo chamam História, e que pode-se traçar seus movimentos e
tendências. Dê-me uma porção de história e eu direi do que ela consiste. Conceito
abstrato, não verificável, logo, descartável. Progresso é só outra mentira
cristã – e mentira cristã é pleonasmo.
Sócrates, o feio
Porque é natural voltar-se à razão quando é
desprovido de beleza. Não obstante, o instinto tirânico impele outrem à norma
particular, à regra de endeusamento da razão. Bem, para conservar-se a si
próprio, quando não se é adaptado, é preciso adaptar o meio.
Teletubbies
Na verdade, Teletubbies é uma crítica à sociedade atual, que engole coisas fúteis e infantilizadas através dos meios de comunicação; eis o motivo de eles terem uma antena na cabeça e uma TV no lugar do aparelho digestório, onde são exibidos vídeos de crianças fazendo coisas do cotidiano. Além disto, há a voz irritante no alto falante avisando a hora de começar e a hora de terminar, característica típica da rotina dos trabalhadores nas indústrias. Teletubbies dá margem para refletirmos sobre a direção em que estamos levando a nossa civilização. Pense nisto, amigo, afinal, o sol é uma criança e está rindo dos nossos atos atrapalhados.
Adendo (03-06-12): Seus burros, neste trecho eu só estou tirando sarro da prática de "encontrar chifre em cabeça de cavalo", não é possível que tenham levado a sério.
Adendo (03-06-12): Seus burros, neste trecho eu só estou tirando sarro da prática de "encontrar chifre em cabeça de cavalo", não é possível que tenham levado a sério.
Eterno desassossego
Necessidade metafísica parece ser elemento presente nos tempos de desvalorização do empírico. Valorização da arte degenerada, culto à morte, à doença e enfermidade, exaltando a trivialidade e morbidez da existência: elementos constitutivos dos tempos atuais. Pois, é exaustivo e entediante para o macaco voltar os olhos para o chão e assim permanecer. Pois, macaco é criança e contraria para, no conflito, renovar.
Fisioética I
Para a liberdade existir, incerteza e imprevisibilidade são essenciais na esfera mesocósmica. Dada a incapacidade de análise dos elementos causativos de um fato futuro pré-determinado, cria-se ilusão de possibilidade de múltiplos caminhos.
Soneto II
Tornaria efetivo o irrealizável
Para ter a tua companhia
Para sentir o teu perfume agradável;
Tão perfeita a vida me seria!
Se ao menos pudesse, teu olhar,
Contemplar ao brotar do novo dia
Poderia finalmente respirar
E me livrar da lutuosa agonia!
Quem me dera, em teu beijo entorpecer
A dor que, incessante, me aflige!
Quem me dera, em teu leito, esquecer
Os ofícios que o mundo me exige!
Tu é o meu propósito de ser;
E as falhas desta vida, quem corrige!
John Henrique - 13/10/2011 01:12
Sobre o comportamento
Para classificar um tipo de comportamento como desvio comportamental, é preciso ter em mente um comportamento ideal. Se o ideal é o da maioria, então, tudo que difere é desvio. Tendo em vista o que o mundo é hoje, o comportamento patológico parece ser o pertencente à maioria. O comportamento ideal requer um para quê. O comportamento da maioria na atualidade parece ser ineficaz para desempenhar a meta estabelecida para a civilização humana: o progresso intelectual e, por consequência, o tecnocientífico. O comportamento da maioria é patológico.
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