Doente mental. Diagnóstico: Capitalista


Embora o intuito da psiquiatria seja – ou pareça ser – trazer as pessoas ao seu estado comportamental padrão, de modo a permitir que elas se adequem ao convívio social, ela, a psiquiatria, é uma maneira de emudecer as reações do organismo humano em resposta ao meio – salvo em casos em que a doença é hereditária -, sem que elimine a causa em si. Os transtornos mentais são os grandes males de nossa era, a psiquiatria medica a cada dia um número cada vez maior de pessoas. Contudo, se a psiquiatria é um método de emudecer os efeitos do organismo decorrentes da vivência do indivíduo – e, portanto, útil, até certo ponto -, é importante desnudarmos a verdadeira causa dos transtornos psiquiátricos, se queremos evitá-los, ao invés de remediá-los. A compreensão da necessidade de encontrarmos sua raiz é fundamental, pois se as coisas prosseguirem na via em que estão, teremos um planeta em que toda a população necessitará de drogas psicotrópicas.

Individualismo, propriedade privada, sistema monetário e individualismo.

Repeti o termo individualismo intencionalmente. É certo que o comportamento natural do ser humano para com o próximo é o de cooperativismo. Se nossos ancestrais tivessem um comportamento de individualismo, não teríamos chegado a tal patamar do processo evolutivo, pois, pois exemplo, só unindo-se contra um inimigo em comum, os caçadores e coletores da América do Norte poderiam caçar suas presas que eram consideravelmente maiores que eles próprios. Para o infortúnio da harmonia entre as comunidades humanas, em decorrência à variabilidade genética, alguns seres humanos nascem com comportamentos nada cooperativistas, doença que o impede de compreender que é possível – e mais eficaz – conseguir um estado de bem estar individual através do trabalho em grupo e da cooperação. Estes indivíduos passam a ver a si próprios não como parte integrante de uma coletividade em busca de um objetivo maior, mas como seres individuais e prepotentes. Com relação ao próximo, passam a agir com extrema apatia, aderindo à crença de que eles são os únicos que precisam adquirir o bem estar individual. Em suma, o entendimento de mundo que o portador deste transtorno tem é limitado. O caráter que esta doença adquire – e suas consequências – são, frequentemente, mais catastróficos que os da psicopatia ou esquizofrenia, pois o seu portador, apesar de perder a noção de ética e virtude, sabe dissimular bem. Comumente colocam a verdade de cabeça para baixo em prol de seus interesses particulares, mesmo que isto acabe por prejudicar um grande número de pessoas.

Através da manipulação e distorção das verdades, o portador do transtorno consegue mobilizar um grande número de pessoas e criar um sistema a seu modo, um sistema que beneficia a si próprio. Como se não bastasse, o portador trabalha na divulgação de seu padrão de comportamento doentio, alegando que o mesmo é o único e correto padrão de comportamento existente.

Neste ponto, a cultura é que adoece. Temos uma cultura enraizada no individualismo proveniente do transtorno mental de um indivíduo ou outro. A população, em sua totalidade, passa a enxergar uns aos outros como seres individuais. Desacreditam – e nem sequer lembram – que o seu potencial é incontáveis vezes maior quando somado ao dos outros.

Diferente dos outros transtornos mentais que em sua maioria têm um caráter maléfico apenas para o indivíduo portador, este transtorno ameaça a sobrevivência do ser humano como espécie.

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